Bakonõ ou Bokonõ, é o sacerdote de Jeje que conhece os segredos de Vodun-Fá. É um grau semelhante ao de Baba'lawo dos nagô.
Como conhecedores dos segredo, nunca devemos tentar enganar esses sacerdotes. Mais cedo, ou mais tarde, Vodun-Fá lhes revelará a verdade. E, com certeza, quem tentou enganá-los, voltará humildemente implorando sua ajuda.
Como diz a cantiga "Saara nhe nhe, Bokonõ". Só o Bokonõ pode realizar, curar.
O macaco pode subir em árvores, mas a tartaruga não pode. Os dois não eram amigos.
Uma vez, durante uma escassez de alimentos, o macaco encontrou um milharal onde a colheita estava muito boa. Ele não podia comer o milho porque as pessoas sempre expulsavam os macacos dali.
Assim, o macaco foi a um bakonõ para perguntar o que ele podia fazer.
A tartaruga disse: - Eu sou um grande bakonõ, mas eu não saio de minha casa. Se você quiser algo, deve vir à minha casa. Estou aqui para os pobres, para todos aqueles que precisem de algo. Se eu tivesse ido com você, tu não me alimentarias, porque sabes subir em árvores e eu não.
A tartaruga não queria ir, mas o macaco tanto insistiu até que, finalmente, ela foi com ele. Ela consultou Fá por longo tempo.
Quando chegaram ao milharal, o macaco começou a comer. Disse a tartaruga que esperasse por ele mas não deu nada à ela. Assim, deu meio-dia e a tartaruga não tinha nada para comer.
Um leopardo chegou ao local onde a tartaruga estava. Disse à tartaruga:
- Eu estou com uma criança doente em minha casa. Já fui a sua casa duas vezes mas não a encontrei.
O macaco, de cima da árvore, prestava atenção na conversa do leopardo com a tartaruga.
A tartaruga chamou o leopardo para baixo da árvore onde estava o macaco. Lá consultarei Fá para você, disse a tartaruga.
Quando lá chegaram começou a jogar. Ela disse:
- nós devemos encontrar um macaco para curar sua criança.
O leopardo indagou:
- Devo encontrar um macaco? E onde posso encontrar um?
A tartaruga respondeu:
- Oh! Não é difícil. Você é forte. Sem isso não posso fazer nada. Eu sei onde encontrar um macaco. O que você me dá se eu lhe disser onde encontrar o que precisa?
Pediu mil cawris.
O leopardo deu-lhe os mil cawris.
"Olhe acima de minha cabeça e verá um macaco", disse a tartaruga.
O leopardo falou para o macaco:
- "Ah! venha já aqui, você está tão perto!"
O macaco não quis descer porque tinha ouvido toda a conversa.
O leopardo começou a se irritar e gritava:
- Você não está me ouvindo? Está de macaquice comigo? Um macaco não é mais que meu filho! Fá disse que você é a solução. Preciso de sua cabeça e sua cauda, o resto deixo com você.
Ouvindo essas palavras, o macaco fugiu. Disse:
- Eu não estou aqui para dar-lhe minha cabeça e minha cauda.
O macaco correu e o leopardo foi atrás dele. O leopardo conseguiu alcançá-lo e trouxe-o para a tartaruga.
A tartaruga disse:
- Bem, amarre-o!
Assim o leopardo fez, amarrou o macaco. Que ficou, indefeso e impotente, diante de qualquer atitude que pudesse ser tomada pelo Leopardo.
Então a tartaruga teve descanso para comer e a criança doente foi curada. Imagine o que houve com o macacaco...
Por essa razão, ninguém deve enganar um bakonõ.
Moral da estória:
Muitas pessoas se aproximam dos sacerdotes com a intenção de tirar proveito do que eles sabem. Tão logo pensam que já aprenderam o que queriam, pagam com ingratidão, e muitas das vezes menosprezam a amizade daquele sacerdote.
Em geral, essas pessoas não conhecem a famosa frase que era dita por muitos sacerdotes da antiga: "Eu me chamo cá te espero!"
Na maioria das vezes, essas pessoinhas ingratas, acabam indefesas implorando por um novo auxílio do sacerdote que outrora desprezaram. Assim como o macaco.
Ifá!
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