quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Dadá, ídolo da natureza, irmão mais velho de Xangô.

Dadá foi traduzido como natureza, mas na verdade é o protetor das crianças, recém nascidas. É adorado sob a forma de uma cabaça da qual pendem tiras de búzios compridas. Pacifico foi um rei fraco e quase não reinou. Amava as crianças, a beleza e a decoração. As mulheres o querem muito bem. Foi divinizado por sua bondade, sua elegância e  por ter nascido com cabelos encaracolados como uma peruca. Dadá foi deposto porque não sabia resistir a Olowu. Xangô então afugentou Olowu e seu exército, aterrorizando-os com à fumaça que saia da boca e das narinas.

Baayani é um ser calmo e pacífico.Se alguém o incomoda, ele não se zanga. Se as pessoas entregam-se a atos de violência, Baayani não se envolve. Ele tem compreensão e sabedoria, mas não tem força, nem bravura. Estas qualidades, Olodumaré deu a seu irmão mais novo, Xangô. Baayani sabe disto e diz de vez em quando, que se ele não é capaz de brigar, ele agradece a Olodumaré tê-lo dado um irmão valente. As pessoas fizeram um provérbio:"Se Baayani não é capaz de brigar, ele tem um valente irmão caçula".


Sàngbá sàngbá
Ele executou feitos maravilhosos, feitos maravilhosos.
Didè ó ní Ígbòdo
Pairou sobre Igbodo,
Ode ni mó
Os caçadores
Syìí ní, òní ó
Sabem disto.


Òní Dàda , àgò lá rí
Senhor Dadá, permita-nos vê-lo !!
Òní Dàda , àgò lá rí
Senhor Dadá, permita-nos vê-lo !!


Dàda má sokun mò
Dadá não chore mais.
Dàda má sokun mò
Dadá não chore mais.
Ò feere ó ní feere
É franco tolerante,
Ó bgé l´orun
Ele vive no orun,
Bàbá kíní l´onòn da rí
É o pai que olha por nós nos caminhos.

Verger (1987 : 32), citando um dos mitos de Dadá, informa que este fundou a cidade de Igoho e era muito rico. Quando se tornou rei de Oió, trouxe parte de sua riqueza para o seu novo reino, esperando sempre novas provisões de sua antiga cidade. Acrescentando que, “quando Xangô quer possuir um dos seus sacerdotes, as pessoas cantam primeiro: ‘Dadá ma sokun mon’ – Dadá não chore mais”, para que ele não se afligisse, pois novas riquezas chegariam logo.


Báyànni gìdigìdi , Báyànni olà
Báyànni gidigidi , Báyànni olà Baiani
Ajaká é forte como um animal e muito, muito rico.


Báyànni adé, Báyànni òwò
Báyànni adé , Báyànni òwò
A coroa de Baiani é honrosa e muito rica.

A coroa de Baiani, descrita no cântico, da qual é dito ser honrosa e pertencer a um obá, refere-se a Ajaká, terceiro rei de Oió. A palavra òwò, significando dinheiro, riqueza, está relacionada a uma grande quantidade de búzios que ornam esta coroa e que antigamente serviam como moeda. No texto existe uma ligação de honra com riqueza, através da palavra w . Com referência aos termos: gidigidi, que é um superlativo, isto é, muito; e gìdigìdi, animal grande e forte. Tratam-se de trocadilhos, ou jogo de palavras, recurso muito comum na língua iorubá. Essa associação foi feita quando buscávamos o sentido do canto, pelo sacerdote que nos relatou seu significado, que lembrou também o mito de Xangô com o carneiro:


Àjàká òké Òrìsá
O orixá do monte Ájàká.
Àjàká òké Òrìsá
O orixá do monte Ájàká.


Ò be ri ó, ní Dàda sókun,
Ele existe, eu vi, e é Dada quem chora
Àwa ri ó ó ní Dada sókun.
Ele existe, eu vi, e é Dada quem chora


Àjàká máa bè ká wòóo Ajaká
Não implora nem mesmo ao poderoso Xangô.
Àjàká máa bè ká wòóo Ajaká
Não implora nem mesmo ao poderoso Xangô.
A e bàbá àjàká máa bè ká wòóo
Nosso pai Àjáká não implora nem mesmo ao poderoso Xangô.

Os cantos ressaltam a tolerância de Ajaká, o obá pacífico, o mecenas, que muitas vezes fingia não ver, “o ar insolente de seu irmão mais velho, Xangô”, dado a disputas e turbulências. O texto também solicita ao rei que nos caminhos, quem sabe, da vida, vele pelos desafortunados.

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