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segunda-feira, 20 de outubro de 2014
*Centro Cultural Recreativo De Umbanda e Camdomblé Ilê Odé Ofar Ominderé_Onillewá*
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*PAI JUNIOR* e A solução para todos os problemas da vida está em nós mesmos! Muitas vezes não enxergamos as melhores escolhas e atitudes a tomar. Nesse momento devemos buscar orientação e sabedoria! A consulta aos oráculos é feita para avaliar a sua condição espiritual ou de sua empresa. Nela você descobre quais os orixás e entidades que regem você, seus negócios e sua vida afetiva.Em sua consulta vamos encontrar a melhor solução espiritual para você harmonizar os setores que estão fora de sintonia energética em sua vida. Consultamos os oráculos como o Jogo de Búzios, o Tarô, o Baralho Cigano, e o Mapa Astrológico, que são usados em conjunto para ajudar você a encontrar o equilíbrio pessoal, profissional e amoroso em sua vida. Contatos FIXO:(43)-3062-2665 TIM(43)-9960-4752 Claro:(43)-8800-5276 E-mail: Paijunior.omindelecy@hotmail.com ou pelo Skype: omindelecy Watssp: 43-9960-4752 Marque Já Sua Consulta.... Atendendo Em Londrina - Cambé e Região No Brasil e No Exterior
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O Vodun Legbá e a classificação do panteão Vodun
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O Culto de Legbá
Legbá (Lεgbà, em fongbé) é um Vodun muito importante, tanto no Benin como na diáspora, por ser aquele que tem como atributos ser o protetor e o mensageiro entre os homens e os Voduns. Cultuado pela totalidade das Casas de Jeji no Brasil (exceto na Casa das Minas “Kwlegbetan Zomadonu”) e em todos os Hùnkpámè (conventos de Vodun) do Benin, este Vodun é louvado e oferendado no ritual doZandró. No Brasil não é feito e nem entra em transe, não tendo vodunsì. No Benin há vodunsì dedicadas a estes voduns, recebendo a denominação de legbásì.
Legbá é o correspondente Jeji do orixá Exu dos yorubás. É o filho mais jovem do par Mawu-Lisá ou Dadá-Segbo. Seu assentamento é um montículo de barro com um falo ereto, representação de sua relação com a sexualidade masculina, e com dois chifres. Possui ligações com Ayizan e Xorokwe.
Legbá sempre é cultuado primeiro, do que qualquer Vodun, esta regra jamais é esquecida pelo povo Fon, pois é ele que se encarrega de deixar passar qualquer tipo de oferenda seja a que Vodun for. Mesmo nos casos de descarrego e outros tipos de interversão espiritual praticada seja por qualquer sacerdote e de qualquer culto espiritual (vale ressaltar, porém, que no Brasil, em rituais como o Zàndró, a primeira divindade reverenciada é Ayizan). Está encarregado em vigiar o bom andamento e atitudes do ser humano, seja benéficas ou maléficas e se incumbirá das devidas cobranças.
Também deve-se citar que Legbá, é o unico Vodun masculino que tem acesso ao mundo espiritual das Kenesi (senhoras poderosas e grande Mãe Ancestre, feiticeiras, podendo ser consideradas como correspondentes às Iyami da tradição yorubá).
A reverência a Legbá no jeji mahi se dá no zandró, onde pedimos a ele que se mantenha atento, e para que leve nossa mensagem aos demais voduns. O ritual do padé ou ipadé é nagô, não pertencendo à tradição jeji e nem é próprio para se louvar Legbá.
O dia dedicado à Legbá é a segunda-feira, juntamente com Xorokwé, Ogun, a família de
Sakpatá e Ayizan. Sua cor é o vermelho, o multicolorido e o transparente
Sakpatá e Ayizan. Sua cor é o vermelho, o multicolorido e o transparente
Na tradição africana, pode-se encontar também várias formas de Legbá:
*Agbonuxosu – rei do portal, é um pequeno Legbá feito de argila, situado no portão.
*Axi-Legbá – é o Legba dos caminhos.
*Tó-Legbá – é o Legba de uma cidade, ou de uma aldeia.
*Fá-Legbá - protege o Fá, perto do qual ele reside, estando a frente de Fá. É o Legbá do oráculo, que traz a mensagem no jogo.
A classificação do panteão Vodun
Legbá, por ser aquele que “a tudo está ligado”, tem ligações com todos os voduns, sendo o wensagún (mensageiro) entre eles. Na tradição africana podemos encontrar vários grupos ou clãs de voduns, sendo Legbá pertencente a todos estes clãs.
Há os Voduns da terra encabeçados por Sakpatá, conhecidos também como Ayi-voduns, e há os voduns do alto ou do céu encabeçados por Heviosò ou Xebyosò, e Mäwü-Lisà conhecidos também como Ji-voduns. Destes dois grandes grupos pode-se fazer outras sub-divisões, e ainda existem outras divisões a parte, assim temos:
* Os sò-voduns (voduns do raio), liderados pelo Vodun Heviosò/Sògbó;
* Os tò-voduns (voduns das águas), liderados pelo Vodun Xú;
* Os zùn-voduns (voduns das florestas), a exemplo de Aziza e Agè (Agué);
* Os Atinmɛ̀-voduns (voduns do interior das árvores), a exemplo de Lökö e Zonodo ou Azawonodo;
* Os tó-voduns (voduns de uma determinada aldeia, povo ou reino);
* Os Hε̆nnù-voduns (voduns de uma determinada família ou clã), cada um liderado pelo seu Hε̆nnùgán (patriarca);
* Os jono-voduns (voduns estrangeiros), a exemplo dos anagonus (Oxun, Yemanjá, Ogun, Oyá (ou Avesan em Abomey), Odé, etc).
No Brasil, porém, podemos nos deter a três divisões básicas se tratando do jeji mahi:
* Dan ou Família da Serpente, incluindo todos os voduns serpentes e que são liderados por Dangbè ou Gbèsén;
* Heviosò/Kaviono ou Família do Trovão, que inclui todos os ji-voduns, sò-voduns e tò-voduns e que são liderados pelo vodun Sògbó.
* Sakpatá ou Família da Terra, que inclui todos os ayi-voduns e azon-voduns (voduns doentes) e os jono-voduns e que são liderados pelo vodun Azonsú ou Azansú.
Legbá, igualmente no Brasil, está ligado a estas três grandes famílias. Legbá conhece tudo e sabe falar todas as línguas.
Legbá protege e defende!
Un j’avalu hùn Legbá!
Porque jogamos Água à rua.
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Porque Jogamos Água à Rua?
A misteriosa Religião dos Òrìsàs é norteada de costumes e dogmas, um deles é aquilo que chamamos de “despachar a rua”, que condiz em jogar três punhados de água, antes de entrar ou sair de casa. Mas porque fazemos isso? Primeiramente é importante recordarmos da importância da água na nossa cultura. No Candomblé não se faz nada sem água, ela que umidifica, resfria e fertiliza. Nós mesmos, antes de nascermos, no útero de nossa mãe, ficamos o período gestacional na água do ventre materno, somente isso já seria o suficiente para sermos gratos à água diariamente, afinal, sem ela não existiríamos.
Há muitos momentos em que despachamos a porta. As ocasiões mais comuns são ao acordamos, ao sairmos de casa e ao retornarmos para casa. Mas não são somente nesses momentos. Por exemplo, há determinadas cantigas que retratam um momento de muita turbulência na vida do Òrìsà, podendo despertar sua cólera se entoadas em momentos inoportunos. Nessas situações, o Babalòrìsà ou Ìyálòrìsà, sempre atento, solicita à uma antiga egbon, que jogue água à rua, apaziguando o Òrìsà que foi recordado de um momento adverso em sua vida no Aye.
Em suma, em todos esses momentos, o objetivo é apaziguar. Há uma frase em yorùbá que diz “Somente a Água Fresca Apazigua o Calor da Terra”. Ao acordamos, despachamos a porta, recitando palavras que tem por objetivo, pedir que aquele dia seja de tranqüilidade e de harmonia. Quando estamos saindo de casa, jogamos água à rua, rogando à Èsù Oná (O Senhor dos Caminhos), que aquela água, apazigúe os caminhos que vamos percorrer e que, sobretudo, não nos deparemos com situações que nos exponha a riscos.
Ao entrar na Casa de Candomblé, por exemplo, despachamos a rua, pedindo licença aos Donos da Porteira, reverenciando-os sempre. Em muitas casas de Candomblé a porteira está sempre aberta, isso não significa que não há dono, muito pelo contrário. Nesse aspecto, pedimos licença (Ago) aos Donos da Porteira, mostrando nosso respeito e, pedindo que a água resfrie a terra, até o momento em que, vamos nos purificar por meio do Omi Ero ou Omi Agbo, para poder então, partilhar do convívio no Terreiro de Asè.
Na Encruzilhada da Vida
Quando se fala em encruzilhada, imediatamente surge na cabeça dos brasileiros a ideia de Exu e de “bozó”, nome pelo qual o povo gosta de designar as oferendas que o povo de candomblé faz fora do terreiro-templo. Claro que a referida divindade está, sim, ligada aos entrecruzamentos de caminhos. Mas o simbolismo da encruzilhada e, consequentemente, da cruz está presente em muitas religiões, sendo, assim, universal. O catolicismo soube enaltecer e ao mesmo tempo popularizar a imagem da cruz, mostrando Jesus sacrificando-se pela humanidade, momento em que ultrapassou seu estágio humano. A cruz, com seus quatro “braços” que apontam para os quatro pontos cardeais, é símbolo de orientação no espaço, para que a jornada humana não seja perdida.
A encruzilhada, portanto, é um lugar de pausa, um momento parado no tempo, que leva à mudança de um estágio a outro ou, simplesmente, de uma situação a outra. Quando, portanto, oferendas nas encruzilhadas são depositadas, está se pedindo inspiração para o novo caminho que se deseja trilhar. Está se pedindo a quem? A Exu, que é, na crença nos orixás, a divindade orientadora dos caminhos, responsável por mostrar a direção correta a ser tomada, tendo em vista que as dúvidas e incertezas possam, por fim, dar o descanso necessário à mente. Exu é a nossa bússola, aquele que nos protege para que não fiquemos desnorteados. Afinal, enquanto seres humanos, nós somos muito instáveis.
Em rituais celebrados pelo candomblé, a característica de instabilidade do ser humano é cantada: Pákun aboìxá; Ibà pa ràn tán axó dá ma aro; a fi dà wa rá àxé akó ma orixá; orixá wa baba alaye = Apague o fogo dos incêndios e nos proteja do aguaceiro; apague o fogo, o calor que se alastra; termine com as muitas discussões e tristezas criadas; nós somos instáveis, transforme-nos, imploramos sempre pelas suas instruções e sua doutrina, orixá. Seja nosso mestre, o dono do nosso modo de viver. Cecília Meireles, em seu poema Ou isto ou aquilo, também nos lembra dessa particularidade, que tanto desgaste dá à mente humana:
“Ou se tem chuva e não se tem sol/ ou se tem sol e não se tem chuva!// Ou se calça a luva e não se põe o anel/ ou se põe o anel e não se calça a luva!// Quem sobe nos ares não fica no chão,/ quem fica no chão não sobe nos ares.// É uma grande pena que não se possa/ estar ao mesmo tempo em dois lugares!// Ou guardo o dinheiro e não compro o doce/ ou compro o doce e gasto o dinheiro.// Ou isto ou aquilo… ou isto ou aquilo…/ e vivo escolhendo o dia inteiro!// Não sei se brinco, não sei se estudo/ se saio correndo ou fico tranquilo// Mas não consegui entender ainda/ qual é melhor, se é isto ou aquilo.”
A vida nos coloca sempre em encruzilhadas, onde somos obrigados a escolher que atitude tomar, por isto se diz que é na encruzilhada que se encontra o destino. É que as encruzilhadas, isto é, os cruzamentos de caminhos, são espaços sagrados, daí a responsabilidade que se deve ter com os rituais e, consequentemente, os pedidos feitos nestes locais. Por exemplo, é comum o hábito de se depositar oferendas para determinadas “entidades”, com o objetivo de conseguir um amor. Inocentes pessoas que, sem o conhecimento devido, não sabem que os amores assim conseguidos são passageiros, tanto que em latim a palavra encruzilhada é conhecida como trivium, significando aquilo que é trivial, que é efêmero.
Repetindo, as encruzilhadas são lugares sagrados onde se pede ajuda aos deuses para que tenhamos critérios nas escolhas feitas, a fim de não nos perdermos no caminho. São também nesses locais que pessoas que possuem o devido preparo espiritual, com muita responsabilidade e respeito, realizam rituais cuja finalidade é despachar, no sentido de expulsar, as energias negativas, que o sagrado consegue transmutar em energias positivas, para depois serem devolvidas aos homens, já livre de todas as impurezas. Pois as encruzilhadas são lugares, e momentos, de reflexão para escolha do caminho a seguir, mas também são lugares naturais para que possamos nos desvencilhar das negatividades por nós criadas ou em nós respingadas.
Balaio de Ideias: 6+12=5
Para quem tem como prática religiosa o culto aos orixás, o dia 6 do mês 6 foi, e continuará sendo, de extrema importância. Afinal, no profundo sistema numérico do jogo de búzios, o número 6 foi o responsável por trazer a prosperidade para a Terra. Para o povo africano, de quem herdamos uma boa parcela de nossa filosofia de vida, ser próspero é uma obrigação. Por isso, nessa data, o “povo de santo” fica todo ouriçado: põe suas melhores joias, sai para fazer compras e faz oferendas. Tudo para atrair prosperidade. O alcance dessa graça é um dos maiores desejos do ser humano. Mas quem é essa tão desejada prosperidade?…
Diferente do que normalmente se costuma pensar, a filosofia yorubá não relaciona prosperidade, apenas, a dinheiro. A referida palavra quer indicar uma reunião de circunstâncias que precisam ser buscadas, para que se vá alcançando, continuamente, um estado mais elevado do ser, em seus diferentes aspectos: físico, emocional, social, espiritual e, é claro, financeiro. Até mesmo porque de nada adianta se ter muito dinheiro sem a tranquilidade necessária para saber usá-lo com sabedoria.
Quando elevamos nossos pensamentos aos orixás, dizemos: Olu wá mi, fún mi ni ekun fún mi ni owo = Venha meu senhor e me traga força pura para que eu possa ter dinheiro. Força pura é o axé que permite que os obstáculos sejam vencidos. É um grande risco, então, pedir dinheiro aos deuses, sem que se tenha antes pedido e alcançado o axé necessário para que ele seja um aliado e não um inimigo. Dinheiro, sexo e poder são como “faca de dois gumes”: tanto podem levar à ascensão como ao fracasso.
Este artigo é fruto da vivência que tive com dois filhos meus. Um pela empolgação e outro pela curiosidade demonstraram interesse de conhecer mais profundamente, e de acordo com a tradição que os guia, um tema a que outras tradições também se dedicam com afinco – a prosperidade, que na cultura yorubá é simbolizada pelo número seis. É através da leitura dos números que esse povo e seus descendentes encontram soluções para as dificuldades diárias. Os números falam e os mitos nos ajudam a entender o que eles dizem. Sem o conhecimento das histórias míticas nunca entenderíamos o porquê de ser dito: 6 + 12 = 5:
O número 6 e o número 12 surgiram de um bloco de ouro. Eles se apaixonaram, perdidamente. Dessa união nasceu Ajé – orixá símbolo da riqueza –, irmã de Oxum – a dona da pérola e de outras pedras preciosas, orixá que tem no número 5 uma de suas formas de se comunicar. Do número seis, portanto, nasceram a riqueza e o costume de usar joias; mas também com ele vieram a vaidade e o orgulho, que podem levar à destruição de tudo que se conquistou. Esse número lembra-nos que o destino das criaturas é a prosperidade e que a humildade é uma das condições fundamentais para a aquisição desta graça.
O número 6 nos conta, através de um de seus mitos:
Todos os anos, Olorum fazia uma festa e convidava os números 1 a 16, a fim de que eles prestassem conta de seus atos na Terra. Encerrada a reunião, todos eram presenteados de acordo com o valor de seus méritos. Naquele ano, porém, a Divindade Suprema resolveu que daria um presente igual para todos. O número 6 era muito pobre e por isto seus irmãos foram até sua casa, antes da festa, para almoçar. A real intenção era humilhar o dono da casa, que mal tinha como alimentar sua própria família. Seis deu tudo que tinha guardado para a alimentação do mês. Nem assim deixou de sofrer gozação. Já cansado de tanta humilhação, ele desistiu de ir à tal reunião. Olorum sentiu sua falta, mas nada comentou. No final da festa, os números, de 1 a 16 (menos 6), receberam uma abóbora. Todos ficaram revoltados com um presente tão simples e despejaram todas as abóboras na casa de 6. Eles só não sabiam que os frutos estavam recheados com ouro e joias. No ano seguinte, todos se surpreenderam ao ver que o mais pobre dos irmãos era agora muito rico. Olorum, então, disse-lhes: Vocês todos têm riqueza, mas 6 tem prosperidade.
Balaio de Ideias: Ritual e sacrifício
Maria Stella de Azevedo Santos
Este é o último artigo que comenta sobre o “corpo religioso” do candomblé, da maneira como ele é professado no terreiro/templo Ilê Axé Opô Afonjá, onde fui iniciada e me tornei iyalorixá. Já foram feitas observações sobre cosmogonia – origem do mundo segundo o povo yorubá; liturgia – cerimônias abertas ao público; dogmas – verdades reveladas pelos orixás, que são aceitas usando-se o critério da fé. Hoje o tema é ritual: cerimônias que se baseiam em mitos que foram sendo transmitidos pelos ancestrais. Nos rituais revivemos passagens importantes dos orixás aqui na Terra e, assim, conectamo-nos com o comportamento deles. Os rituais, através dos mitos, ensinam para nós os comportamentos que devem ser seguidos e os que devem ser evitados. Muitos desses rituais são repetidos em épocas específicas, pois têm que estar em conexão com os ciclos da natureza. É de fundamental importância que os sacerdotes busquem e adquiram esse conhecimento, pois só assim os rituais alcançam todo seu potencial.
A grande polêmica que fazem com a religião dos orixás é o fato de em alguns de seus rituais animais serem sacrificados. Uma prática que existe desde quando o homem precisa alimentar-se. Sempre foram realizados por muitas religiões, mas que aos poucos foram deixando de existir em algumas. A pergunta é, então, por que o candomblé ainda faz o que, para muitos, é considerado uma barbaridade?
A resposta é simples: essa religião tem uma profunda relação com o planeta Terra, tanto que suas danças são feitas com os pés totalmente plantados no chão, diferente do balé, que parece demonstrar que os bailarinos, dançando nas pontas dos pés, desejam alcançar o céu. Essa ligação com a terra não poderia excluir a necessidade que o homem tem de se alimentar para sobreviver. Oferecemos aos deuses tudo aquilo que nos mantém vivos e alegres: alimentos, flores, perfumes, água limpa e fresca. Tranquilizo os leitores dizendo que no dia em que os homens deixarem de ter na mesa galinha, galo, carneiro, porco, boi… naturalmente esses animais deixarão de ser ofertados aos deuses. Se um dia o sacrifício humano existiu foi porque as tribos se alimentavam de seus semelhantes. Se a desculpa para crítica de sacrifício de animais se deve ao fato de eles serem seres vivos, gostaria de lembrar que laranja, alface, couve também são seres vivos.
Afinal, quando arrancamos uma raiz de inhame para que ela faça parte da nossa farta mesa de café da manhã, nem lembramos que sacrificamos um ser vivo. Neste caso é para nos servir de alimento, e quando arrancamos uma flor pelo simples prazer de curtir sua beleza? Gostaria, apenas, que as pessoas que criticam os nossos rituais refletissem sobre o que foi dito anteriormente, com o coração e a mente aber ta, e chegassem às suas próprias conclusões. Não é nosso interesse forçar alguém a crer em nossas verdades, mas é nossa obrigação fornecer subsídios para ajudar as pessoas a ampliarem o conhecimento de suas mentes, a fim de que seus corações possam ficar cada vez mais livres de preconceitos, o que faz com que eles se tornem mais purificados.
Caso tudo o que falei ainda não tenha servido para que o sacrifício de animais no candomblé possa ser compreendido, quero lembrar que os animais de que o povo se alimenta no seu dia a dia são mortos em série, de maneira cruel, nos abatedouros. Os nossos animais são reverenciados desde que são escolhidos nas feiras livres, até o momento em que são oferecidos aos orixás, quando cobrimos seus olhos com folhas específicas de calma e cantamos a fim de diminuir o estresse que eles possam estar sentindo. Além disso, eles não são animais quaisquer, são escolhidos aqueles que o sacerdote consagrado para esta função percebe que já estão no momento de passar para outro estágio evolutivo. Não matamos o animal, damos a ele um novo nascimento, por isso cantamos: Bi ewe yeje para lala ie, Ògún pere pa = Demos-lhes um novo nascimento, você resistiu à prova, ultrapassou seguramente privações e sofrimentos, você não está morto, está vivo. Somente Ogun mata.
Àgùtàn e a Ancestralidade
Agutan, porque ofertamos aos Ancestrais?
A importância do Agutan nesses rituais fúnebres, bem como, no Culto aos Ancestrais de modo geral.
Há uma antiga história Nago que diz que Iki, foi consultar Ifá, o Deus da Adivinhação. Nessa consulta, Ifá disse à Iki que ele possuía um “amigo” (Agutan), que intentava matá-lo. Ifá recomendou à Iki, que realizasse uma oferenda, de modo que esse suposto amigo não tivesse sucesso em sua empreitada e que cantasse um determinado cântico caso estivesse em perigo.
Muito atento às orientações de Ifá, Iki realizou tudo como lhe fora prescrito e aprendeu a determinada cantiga.
Um dia, Agutan foi visitar o Deus Olofin, percebendo que o seu santuário de culto aos ancestrais estava vazio. Assim, ele indagou à Olofin, o que ele usava como oferendas no culto aos seus Ancestrais. Olofin, por sua vez, respondeu que ele utilizava Obì como sacrifício. Agutan riu muito, dizendo que, embora isso fosse bom, ele teria algo muito melhor para ser ofertado aos Ancestrais (Iki), Olofin agradeceu e, disse que iria aguardar a oferta para que pudesse novamente render homenagens aos ancestrais.
Agutan, então, foi visitar Iki, perguntando-lhe se, o seu pai, já havia lhe contado sobre um jogo que ele e Agutan costumavam sempre jogar. Iki afirmou que não, que seu pai nunca havia lhe falado sobre esse jogo, perguntando como que era.
Agutan disse a Iki que o jogo era bastante simples. Que ele deveria entrar em um recipiente de madeira fechado, enquanto o outro lhe carregava para dar umas voltas, durante 70 passadas e depois trocavam de posições. Iki falou que, realmente seu pai nunca havia lhe dito sobre essa brincadeira, mas parecia ser divertida.
Agutan colocou um recipiente de madeira no chão e entrou dentro. Ele pediu a Iki que tampasse e então o carregasse por alguns lugares. Percorrida a distância de 70 passadas, Agutan disse que era a vez de Iki.
Iki, então, entrou no recipiente de madeira, mas após os 70 passos, Agutan não parou para Iki sair. Iki implorou que Agutan parasse para ele sair, no entanto, Agutan não lhe deu ouvidos. Iki então lembrou-se dos conselhos de Ifá, sobretudo a orientação sobre o cântico. Imediatamente Ikin começou a cantar os versos que Ifá lhe ensinou.
Após alguns momentos, Agutan sacudiu o recipiente e ouviu o som dos braceletes de ferro e continuou caminhado para casa de Olofin, pensando que Iki ainda estivesse dentro do recipiente.
Quando ele chegou à casa de Olofin, ele entregou o recipiente a Olofin, dizendo que ali estava a oferenda que havia prometido aos Ancestrais.
Quando Olofin abriu o recipiente, viu somente braceletes de ferro e ficou muito irritado, pois Agutan havia lhe enganado.
Olofin disse que devido Agutan tentar enganá-lo, ele seria ofertado aos Ancestrais. Após esse dia, Agutan tornou-se oferenda aos Ancestrais.
Nós do Terreiro de Òsùmàrè, esperamos estar contribuindo para a elucidação e edificação da nossa Cultura, explanando sobre os nossos importantes dogmas sem que, no entanto, revelemos aquilo que só é facultado aos iniciados.
Que o nosso Pai, Òsùmàrè Aráká, abençoe sempre a vida de vocês.
Àjàlá Mopin
“O Preconceito Velado”, abordaremos um pouco sobre uma das mais importantes cerimônias do Candomblé, o Olugbajé. Esse tema mostra-se bastante oportuno, sendo que esse ritual na grande maioria dos Terreiros de Candomblé ocorre no mês de agosto, que se inicia essa semana.
Bom, antes de tudo vamos entender um pouco sobre o significado da palavra que dá nome ao ritual. A palavra Olúgbàje, por si só, já explica o grande objetivo dessa cerimônia: “Olú” (Senhor/Chefe) – “Gbà” (Aceitar/Receber) – “Je” (Comer/Comida), ou seja, “Aceite/Receba e Coma a Comida do Senhor/Chefe”. Nesse caso, o substantivo “Olú – Senhor” alude a um dos nomes do grande Òrìsà da Terra, Obaluwaiye, também chamado de Oluwaiye, que é o Deus homenageado nessa cerimônia.
É uma festa cheia de mistérios e liturgia, na qual, as comidas de Obaluwaiye depois de abençoadas, são distribuídas em folhas aos presentes. Aqui em Salvador, essa é uma festa muito esperada pela população das Comunidades do Candomblé, sendo que todos querem apreciar a comida desse querido e importante Òrìsà, pedindo, sobretudo, proteção contra os males que acometem a saúde. Essa cultura é tão forte, que muitos Omo Òrìsà vão a diversos Olúgbàje, só para comer a abençoada comida de Obaluwaiye.
No entanto, muito provavelmente pela falta do conhecimento acerca da cerimônia, há pessoas que, ao invés de comer, passam a chamada “folha” no corpo, como se fosse um Ebó, depositando-a no balaio, sem provar sequer uma das deliciosas comidas do Rei da Terra. Isso não pode ser feito, pois é uma recusa à oferta de Obaluwaiye.
Dessa forma, devemos aceitar a comida e comungar em regozijo, pedindo proteção ao Grande Òrìsà dono da Terra e harmonia em nossas casas. As comidas do Olúgbàje são especiais, feitas com carinho, amor, dedicação e devoção. São, principalmente, abençoadas pelo Òrìsà, razão pela qual não podem ser descartadas.
No mês de agosto, não tenha medo, não perca a oportunidade de provar as comidas abençoadas por Obaluwaiye, visite um Terreiro e aprecie com devoção a comida do Olúgbàje.
Afesu – A iniciação
Afesu – A iniciação
A iniciação é um rito de passagem, uma morte simbólica que transforma um homem comum em um instrumento do Òrìsà, em um “Elégun”, pessoa sujeita ao transe de possessão, a emprestar seu corpo para que Òrìsà viva entre nós mais uma vez, por um período de horas ou dias. O iniciando passa por ritos complexos, de isolamento e segregação, de silencio absoluto, de tonsura ritual, de sacrifícios de animais, de oferendas de alimentos, de pequenos cortes para inserção de pós-mágicos em seu corpo (cicatrizes sagradas que definem os futuros sacerdotes), simbolizando uma volta ao útero da Mãe Terra, de onde renascerá não um homem comum, mas o instrumento de um Òrìsà, que por sua boca e seu corpo falará e se manifestará, aumentando assim seu conhecimento e o de todos os outros crentes.
Sua apresentação, já com sua nova personalidade e seu novo nome, ao público do Templo e da cidade, transforma-se então em uma festa de cores e de beleza inenarrável, onde todos comparecem desejosos de compartilhar Àse (palavra que define nossa Religião: A/AWA: nós, se: realizar, Àse – nós realizamos).
Por várias vezes o neófito é apresentado ao povo, vestido e pintado com cores próprias do Òrìsà ao qual é consagrado, ao som dos tambores e de ritmos e cantigas tão antigas quanto à vida dos homens neste mundo. E a cada troca de roupas, mais o àse se espalha pelo Templo, culminando com a vinda dos Òrìsà, que vêm brincar e falar com seus filhos diletos, demonstrando sua satisfação por mais uma etapa cumprida.
Cada item tem seu significado nesta hora. A pena vermelha, chamada “ikodidè”, que o Elégun carrega em sua cabeça, simboliza realeza, honra, status adquirido pelo fato de ele ter se iniciado para ser um novo sacerdote dedicado ao culto daquele Òrìsà. As pinturas em cor branca, azul e vermelha, feitas a partir de substâncias vegetais e minerais, são os símbolos dos líquidos vitais de animais, plantas e do próprio ser humano, essenciais para a nova vida do iniciado.
A melhor roupa vestida por ele, por sua família, e por todos os presentes, demonstram o respeito e o apreço pelo Òrìsà. Como se fossem se apresentar frente a reis, nada menos que o melhor é permitido, uma vez que muitos reis são os representantes de nossos Òrìsà neste mundo, descendentes diretos que aqui ficaram para perpetuar sua força vital. Isto se estende aos alimentos e bebidas, cuja qualidade é severamente observada, aos animais oferecidos, às contas para a confecção de colares, e a todos os objetos que compõem este Ebó. O bom não é suficiente, só o melhor é dado para o Òrìsà.
Por muitos dias o neófito irá carregar consigo um colar especial de sagração no pescoço, simbolizando seu amor, devoção e sujeição ao Òrìsà. Neste período também cumprirá resguardo sexual, porque esta energia não pode ser desperdiçada, toda sua força energética deve estar centrada em Òrìsà. Comerá comidas especiais, dormirá no chão, em uma esteira, aprenderá com os mais velhos as orações e cânticos de seu Òrìsà. É um tempo de amor, dedicação e aprendizado, um reaprender a viver, uma inserção do sagrado no cotidiano, uma experiência que não pode ser descrita, mas sim vivida.
E a possessão faz parte de tudo isso, um ser dominado, um compartilhar corpo e espírito com Òrìsà, um ser o deus e voltar a ser o homem; sem a menor possibilidade de interferência, em que a perda de vontade própria e a submissão são aprendidas sem que se ensine ou aprenda, por instinto e memória ancestral. Algo de tribal, algo de divino, algo de humano, algo de fantástico. Ser para saber.
E, ao fim de tudo, o Elégun reaprende os atos do dia a dia, retoma sua vida diária, mas para ele estará em primeiro lugar e sempre o Òrìsà. E, conhecendo através do oráculo sagrado, o Ifá, suas interdições, as proibições que Òrìsà e ancestrais lhe deram durante sua iniciação, ele conhecerá seu lugar na rígida hierarquia tribal, familiar e religiosa e viverá melhor sendo um “omo áwo”, (filho do segredo), do que sendo tão somente um ser humano.
A vida em um terreiro é uma lição de ética, moral e comportamento.
Candomblé não pode ser associado a uma religião sem ética e moral. Não a religião. A vida em um terreiro é uma lição de ética, moral e comportamento. Entretanto, mesmos nas casas mais tradicionais ainda há uma linha de pensamento na qual o próprio babalorixá diz: “não me interessa o que aquela pessoa faz do portão para foram, mas sim do portão para dentro”. Lamento, minha opinião é que quem diz isso está errado, muito errado.
Sim, importa sim o que a pessoa faz em qualquer lugar e em qualquer hora do dia. O candomblé não é um religião de igreja, você pratica ela todo o seu tempo. Não temos templo, o templo é o mundo e a gente está com o orixá o tempo todo. Assim o comportamento de uma pessoa importa sim.
Não existe o sentido secular, a separação entre o sagrado e o laico no candomblé. A religião é a continuidade de nossa vida e o terreiro é apenas um momento em que as pessoas se reúnem. Cerimônias podem ser feitas em qualquer lugar e alguns consideram que são até mais intensas quando se está em contato com o mundo natural. Desta maneira, uma pessoa não pode dizer que não interessa o que um adepto faz do portal para fora. Essa pessoa do portão para fora tem que ser a mesma do portão para dentro. Mais uma vez sou obrigado a dizer que pessoas que dizem que o que o membro de sua casa faz do portão para fora não o interessa é uma pessoa desinformada, não sabe o que se espera de uma religião e de um sacerdote.
Sob o ponto de vista conceitual, para podermos entender a ética da religião a gente tem que se mirar em duas coisas: a primeira é o conteúdo do ensinamento formal que esta nos ésé de Ifa e também nos itans, e mitos regionais. Essas histórias traduzem conceitos éticos e morais da religião.
O cuidado é não usar os mitos deturpados e estragados que circulam por aí e que servem apenas para transmitir e justificar vilanias. Dessa maneira, estudar esses mitos e itans é uma parte fundamental do aprendizado religioso. Nesse sentido as pessoas mais velhas são aquelas que aprenderam mais histórias e mesmo sem terem podido escrevê-las elas podem contar para os demais. Um mais velho legítimo é aquele que sempre atrai em torno de si pessoas mais novas ávidas por ouvirem suas histórias e casos e é uma pessoa sempre com conhecimento para transmitir, mas conhecimento que não sejam apenas vaidades pessoais, porque também já vi muita gente que a única coisa que faz é repetir histórias sobre si mesmo. Igualmente pessoas cuja única coisa que têm a contar são críticas, comentários pejorativos e patifarias que viu em outras casas é uma pessoa sem conteúdo que perde sua vida andando por lugares que não merecem a presença de ninguém. Eu penso assim, se você vai a um lugar e vê uma coisa ruim ou feia, a primeira coisa é “o que você esta fazendo lá?” Se esta lá é igual aos demais.
Mas a moral e ética das histórias e versos não são uma coisa simples e previsível. É muito diferente da moral cristã e muito mais humana, muito mais permissiva a certos aspectos comuns da vida de todos. Ela não espelha pessoas santas e puras e sim pessoas normais que acertam e erram. A astúcia é uma coisa bastante permitida.
Eu posso afirmar que em todas as histórias que li nunca vi nada que mostrasse um exemplo de comportamento que não fosse ético ou digno. Pelo contrário é exigido que as pessoas sejam de fato corretas e úteis para a família e sociedade. Assim, não consigo encontrar justificativa para a classificação de antiética e amoral do candomblé.
Eu entendo sim que existem pessoas antiéticas e amorais que são babalorixás e iyalorixas e que espalham por aí besteiras e nulidades. Na verdade mercadores de feitiçaria, gente que nas histórias que li sempre eram as pessoas ruins, não as boas. Essas pessoas que vendem facilidades e prosperidades que elas mesmas não têm em seus feitiços furados são as que menos interessam por qualquer ética e moral.
Outro aspecto da moral é o qual seria moral da sociedade yoruba e que se reflete na religião e nos mitos regionais. Isso é natural em qualquer religião: a sociedade que a gerou influencia a sua ética. Da mesma maneira tudo o que eu pude observar sobre a ética da sociedade – e fiz algum esforço nisso – apontam para o reflexo que temos nos ésé e itan.
Essa é minha visão. Reconheço que o mundo conspira contra ela e que a atitude das pessoas é que conduz a essa classificação amoral. Reputo isso ao despreparo dos que têm cargo e também a conveniência de ter justificativa para fazer o que quiser. Muitos devem saber que existe um mau comportamento de pessoas que entram para um terreiro, fazem o mínimo de obrigações e abrem sua casa. A maior parte não busca nem aprender, seja por falta de esforço ou de interesse os mitos da tradição oral, gosta de dizer que o Candomblé é uma tradição oral apenas para justificar o fato que não querem buscar conhecimento que não tem. Muitos vêm de umbanda e trazem uma carga de conceitos católicos e espíritas e se consideram espíritas, acreditam naquela bobagem de karma, etc. O problema com esse grupo é que procuram usar os conhecimentos de outras religiões porque não procuram os da sua, mas reagem a ética e moral dessas religiões porque são do candomblé. Eu acho que já que elas são candomblecistas- que usem os itans de Ifá ao invés dos ensinamentos doutrinário-espírita de outras religiões. Fica mais coerente.
Amarrações
Amarrações
Este é um dos temas mais polémicos de que podemos falar, não só no enquadramento do Candomblé, como de qualquer prática religiosa que utilize rituais de magia.
Cabe em primeiro lugar salientar que a magia, como tudo na vida, tem o seu lado bom e o seu lado mau, ou se preferir-mos, o seu lado positivo e o seu lado negativo, e cabe a cada um de nós escolher a utilização que lhe queremos dar.
Está na natureza humana a constante luta por conseguir tudo aquilo que pretende, desde os objectivos mais elevados, até àqueles que nem vale a pena descrever… de tão ignóbeis que podem ser. E uma vez mais, aqui, também é a nossa escolha que prevalece. Somos nós que escolhemos as nossas metas e os nossos objectivos, e por isso, cabe-nos a nós também escolher os meios. E se não é tão questionável que os fins justifiquem os meios, devemos de facto preocupar-nos com os meios que escolhemos para atingir os nossos fins, porquanto, pelo caminho, estão quase sempre em jogo pessoas… e até vidas!
Particularmente no Candomblé, e porque esta página a ele é dedicada, a prática de rituais de magia é uma constante, mas, vamos então analisar como ela é utilizada, por quem e para que fins.
Os Ebós, as Oferendas e as Simpatias, são algumas das formas de magia que utilizamos, mas estes, todos eles sem excepção, foram criados originalmente com o intuito de corrigir alguma situação errada na vida de uma pessoa e para tal pode-se recorrer ao auxílio de diversas entidades; em primeira linha aos Orixás e depois, a outras entidades, que pelo seu estado evolutivo e pelas suas características, se assemelham mais a nós, humanos – aqui enquadram-se os Exús pagãos, as Pombagiras e os Caboclos – e estão de facto num plano mais próximo de nós.
Qualquer destas entidades pode ser uma mais valia na vida de uma pessoa, pois o seu auxílio chega sempre, e se devidamente tratados são nossos aliados preciosos.
Mas a magia, como já referi, também tem as duas faces da moeda, e a quem a pratica, é necessário, diria mesmo essencial, conhecer os dois lados, tornando-se mais uma vez necessário escolher o lado que se vai utilizar, e esse lado deve ser sempre o lado positivo e construtivo.
Poderíamos aqui, a título de exemplo, encarar como um veneno, que pode ser utilizado e para o qual é sempre necessário conhecer o antídoto: é do próprio veneno da cobra que se criam os antídotos que são utilizados para curar quem é picado por ela – na magia, grosso modo, também temos que conhecer tanto o veneno como o antídoto, porque para se tratar ou curar alguém que tenha sido atingido pela magia negativa, é necessário saber contrapor.
Obviamente, não vou aqui explicar – nem o poderia fazer – os detalhes desse conhecimento, o importante é que fique claro que quem mexe com um lado tem que conhecer o outro. Um dos magos mais conhecidos de sempre, São Cipriano, começou por ser um dos melhores magos que já se conheceram a manejar a chamada Magia Branca, mas de igual modo, mais tarde na sua vida, virou, e tornou-se um dos mais temidos e eficientes magos da Magia Negra. Também para ele isto só foi possível porque tinha conhecimento verdadeiro e profundo de como os dois lados funcionam.
Portanto, assim como se pode Amarrar, também se pode sem dúvida Desamarrar, mas isto só é possível a quem tenha verdadeiros e fundamentados conhecimentos.
Convenhamos no entanto que não são muitos aqueles que estão verdadeiramente capacitados para isto, portanto, quando pensar em fazer ou solicitar uma Amarração, pense, não duas, não três vezes, mas muitas vezes naquilo que está a pedir, pois você jamais terá a garantia de que o seu pedido possa ser atendido
Ao fazer uma Amarração, você não só estará a pedir algo para si, como estará a mexer com a vida de outra pessoa, e de alguma forma forçando-a a agir de uma maneira que ela muito provavelmente não quer, não de forma voluntária e consciente. Quando isso acontece, muita coisa se altera, e por vezes os resultados não são nada satisfatórios e são até perniciosos para a vida das pessoas envolvidas.
Imagine uma situação em que você quer muito ficar com uma outra pessoa e faz uma Amarração para conseguir o seu intuito. Imagine agora que uma segunda pessoa está interessada nessa mesma pessoa para quem você fez a Amarração e resolve também, para conseguir o seu intuito, fazer também uma Amarração. Como é que fica essa pessoa que está pelo meio? E você, vai conseguir o seu intuito? Ou é a outra pessoa que vai conseguir?
Este tipo de situação não é inédito, é até cada vez mais comum, dado que são cada vez em maior número as pessoas que recorrem a este tipo de magia (embora a maioria jamais vá admitir que o fez!), e garanto que daqui não sai nada de bom para nenhuma das partes envolvidas, só confusão e mais confusão e muita dor. Cria-se assim um ciclo vicioso, e nenhuma das partes vai sair a contento.
Ainda que posteriormente seja feita a magia para Desamarrar, entretanto, já muita coisa aconteceu que não tem retorno e já nada voltará a ser como era antes, ainda que a Desamarração seja um sucesso. Amarração mexe com o destino da pessoa, e nós simplesmente não temos o direito de impor a nossa vontade na vida e no destino dos outros. Esta forma de utilizar a magia não é de todo uma forma positiva. Está na hora de todos perceber-mos isto e agir-mos em conformidade.
Gostaria, de uma vez por todas, que os verdadeiros adeptos e/ou praticantes do Candomblé, independentemente do posto que ocupem, se negassem determinadamente a aceitar este tipo de trabalhos que constantemente nos pedem, ou sequer de pensar neles como uma solução para as nossas vidas, porque não é de facto uma solução; mais que não seja, pelas consequências kármicas que lhes são inerentes e que o nosso lado espiritual jamais deve esquecer – chama-se Lei do Retorno!
Há sempre uma forma diferente de ajudar as pessoas… pelo lado positivo!
Axé!
Há sempre uma forma diferente de ajudar as pessoas… pelo lado positivo!
Axé!
Sobre as chegadas e as saídas numa casa de axé
É recorrente e bastante cotidiano nos chegar vários leitores diariamente dizendo que querem sair da casa na qual foram iniciados pelos mais variados e discrepantes motivos. Fora deste mundo virtual eu – e presumo que todos os religiosos – vejo com alguma recorrência isso também acontecer com uma facilidade surpreendente: iyawôs que trocam de casa, que saem pulando de uma em uma e passam os anos que deveriam aprender a serem bons egbomis passando temporárias estadias em diferentes lugares.
Por outro lado, há alguns problemas de ordem interna ou de administração de casa que acabam por fazendo o iyawô tomar essa decisão drástica e ficarem perdidos por apenas quererem uma casa pra permanecer, pra sentir bem o seu orixá longe dessa bagunça de troca-troca anual de casa tão vista por aí.
Não é à toa que a palavra iyawô signifique “noiva”. Durante a minha iniciação ouvi: “É pra sempre: a ligação com o orixá é pra vida toda”. Iniciação é um casamento, um casamento com o seu orixá que não aceita divórcio, contrato, acordo ou qualquer coisa do tipo. Está acima das pessoas, do humano e de qualquer convenção que existe. Este laço só se desfaz com a morte, a partida para o orun. Neste processo o axé é imprescindível; a navalha, de extrema importância; o zelador, fundamental.
Muito falamos aqui sobre o tempo de abiyan, sobre o tempo de aprendizado, de adaptação e nada disso aqui é falado sem nenhuma pretensão. Iniciação é um ato sério, requer responsabilidade e compromisso. Ser iniciado significa tentar ter toda a retidão possível para com o seu orixá a fim de conseguir ouvir e entender o que ele falar, o que ele apontar, pois Ori pode ser soberano, mas o nosso orixá sempre deve ser escutado e ele não se comunica melhor com ninguém do que com o seu próprio filho, afinal de contas temos sua energia em nós. Eu tenho cá com os meus botões que a gente passa todos os nossos anos de iniciado buscando essa sintonia perfeita, buscando não errar seguindo os conselhos do nosso orixá e essa busca é feita em cima de responsabilidade, respeito, compromisso, preceito, retidão e tempo.
Contudo, alguns iniciados acabam não captando isso e/ou alguns zeladores acabam também não captando a mesma mensagem. Algo entra em desalinho e nesse desalinho pode ter de um tudo: desde o respeito que possa ter deixado de existir, diferenças entre irmãos, até caminhos apontados pelo orixá. Se o quadro se mantém e o tempo não ameniza, sair é a solução?
Meus textos são delicados, pois levo a minha fé de forma delicada – embora minha personalidade não seja -, mas eu sei e partilho da ideia de que gente de Candomblé tem que ser casca grossa. Cultuar orixá é a coisa mais linda do mundo, mas, às vezes, a gente escuta o que não gosta, ver o que não quer e isso é normal, pois uma casa de Candomblé é quase a mesma coisa que o mundo lá fora adicionado (muito adicionado) com personalidades mais abertas, mais a mostra, já que a nossa religião preza isso. Numa casa de Candomblé somos ainda mais nós mesmos e ainda com uma grande presença do nosso orixá. Abri esse parágrafo somente pra escancarar que casa de Candomblé é amor ao orixá, é servir ao orixá, mas quando o assunto são as pessoas, não é um mar de rosas, é um mundo real. No mundo real ninguém diz “cansei” e sai dele. Pois é. Em casa de axé também é assim. Ou ao menos deveria.
Todo iniciado, como já disse antes, carrega muitas responsabilidades e pensar sobre uma saída é algo que requer muito cuidado, muita reflexão sobre as conseqüências, tempo e saber o que o orixá pensa, o que ele quer. Não é uma decisão a ser tomada como um espasmo, um susto, uma virada de noite, um abuso qualquer. É praticamente esperar brotar a flor e amadurecer o fruto. Ou seja, exige uma coisa que eu sei que existe, mas não sei como funciona muito bem: paciência. Só que partilho aqui como conselho, pois acho que os constantes pedidos da minha zeladora a Oxalá para que me dê paciência talvez estejam dando resultado.
Falo isso de forma aberta, pois já tomei essa atitude de sair da casa onde nasci e depois acabei voltando porque Xangô me chamou e me acolheu de volta. Todos estes acontecimentos me confundiram um pouco e me fizeram repensar se tudo que eu sempre falei aqui eu estava vivendo de fato. Volto a escrever respondendo ao meu próprio silêncio que se todo aquele vendaval passou pela minha vida religiosa e hoje eu continuo firme e vibrante na minha fé, é porque eu nunca me escondi das minhas responsabilidades e do amor pela minha religião. Tudo o que eu sempre falei sobre viver a religião continua de pé sim. E digo que hoje bem mais que antes.
História de Zé Pilintra parte 3
José dos Anjos, nascido no interior de Pernambuco, era um negro forte e ágil, grande jogador e bebedor, mulherengo e brigão. Manejava uma faca como ninguém, e enfrentá-lo numa briga era o mesmo que assinar o atestado de óbito. Os policiais já sabiam do perigo que ele representava. Dificilmente encaravam-no sózinhos, sempre em grupo e mesmo assim não tinham a certeza de não saírem bastante prejudicados das pendengas em que se envolviam.
Não era mal de coração, muito pelo contrário, era bondoso, principalmente com as mulheres, as quais tratava como rainhas.
Sua vida era a noite. Sua alegria, as cartas, os dadinhos a bebida, a farra, as mulheres e por que não, as brigas. Jogava para ganhar, mas não gostava de enganar os incautos, estes sempre dispensava, mandava embora, mesmo que precisasse dar uns cascudos neles. Mas ao contrário, aos falsos espertos, os que se achavam mais capazes no manuseio das cartas e dos dados, a estes enganava o quanto podia e os considerava os verdadeiros otários. Incentivava-os ao jogo, perdendo de propósito quando as apostas ainda eram baixas e os limpando completamente ao final das partidas. Isso bebendo aguardente, cerveja, vermouth, e outros alcoólicos que aparecessem.
Zé Pilintra no Catimbó
No Nordeste do Pais, mas precisamente em Recife (na religião que conhecemos como Catimbó), ainda que nas vestes de um malandrão, a figura de Zé Pelintra, tem uma conotação completamente diferente. Lá, ele é doutor, é curador, é Mestre e é muito respeitado. Em poucas reuniões não aparece seu Zé.
O reino espiritual chamado “Jurema”, é o local sagrado onde vivem os Mestres do Catimbó, religião forte do Nordeste, muito aproximada da Umbanda, mas que mantém suas características bem independentes. Na Jurema, Seu Zé, não tem a menor conotação de Exu, a não ser quando a reunião é de esquerda, por que o Mestre tem essa capacidade. Tanto pode vir na direita ou na esquerda. Quando vem na esquerda, não é que venha para praticar o mal, é justamente o contrário, vem revestido desse tipo de energia para poder cortá-la com mais propriedade e assim ajudar mais facilmente aos que vem lhe rogar ajuda.
No Catimbó, Seu Zé usa bengala, que pode ser qualquer cajado, fuma cachimbo e bebe cachaça. Dança côco, Baião e Xaxado, sorri para as mulheres, abençoa a todos, que o abraçam e o chamam de padrinho.
Nomes de Alguns Malandros e Malandras:
Zé Pilintra
Zé Malandro
Zé do Coco
Zé da Luz
Zé de Légua
Zé Moreno
Zé Pereira
Zé Pretinho
Malandrinho
Camisa Listrada
7 Navalhadas
Maria do Cais
Maria Navalha
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